quarta-feira, 28 de abril de 2010

Leigas filosofadas

Cá na província que vivo passa um rio. Andando por sua margem e refletindo sobre as idas e vindas da vida, cheguei à conclusão de que, na verdade, só existem as idas. Nossa vida flui exatamente como as águas de um rio, desaguando sempre em um mesmo lugar. A diferença é que não percebemos isso, pois vemos a existência de forma cíclica, sem fim.
Os rios fluem naturalmente, sem esperar um dia voltar ao curso que já passou. Ao depararem com abismos, se jogam. Ao encontrarem pedras, passam por elas, não as super valorizam ou tentam destruí-las, pois no fim, a correnteza flui como antes, independente do que se passou, já que o que passou foi só uma fase, um certo tipo de transformação.
No ziguezaguear de suas margens, eles muitas vezes se unem à outros, às vezes até o fim de seu caminho, outras, apenas por um certo tempo. Nunca tentam reencontrar aqueles que já se foram, apenas aproveitam a companhia dos que estão juntos, sem pensar no que vem após a próxima curva.
Em tempos de tempestade, se agitam, se perdem, mas no fim levam vida até suas margens e seguem seu rumo naturalmente, sem preocupações com o que virá após a próxima curva.
Devemos ser como os rios. Enfrentar naturalmente os obstáculos, cada um a sua vez. Nos jogar frente às grandes mudanças, pensar que uma hora ou outra tudo fluirá naturalmente, sem planejar isso ou aquilo, sem superestimar as pedras que venham a aparecer, nem tentar enxergar o que vem depois da próxima curva.
Pena que não é tão fácil assim!
Texto encontrado nas ruínas de Gara Tsin Gue Tan, datado do séc XXI a.C. e atribuído a um desconhecido chamado Pen Ter Zi Tsu.

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